Ricardo Arona e ADCC: Conheça os feitos que o fizeram uma lenda do evento
Ricardo Arona e ADCC: Conheça os feitos que o fizeram uma lenda do evento
Bicampeão no peso -99kg, com títulos no absoluto e na super luta, o Tigre acumulou mais do que ouros no ADCC
Desde sua concepção em 1998, o Abu Dhabi Combat Club é sinônimo do alto rendimento do grappling com seus melhores representantes postos à prova. Nomes como José Mario Sperry e Renzo Gracie mostraram pela primeira vez o verdadeiro potencial da arte suave em terras árabes, enquanto craques como Gordon Ryan, Kaynan Duarte e outras feras mantêm o legado vivo. Embora muitos campeões tenham nascido e alcançado a fama através de suas conquistas no ADCC, poucos detém o respeito e admiração da comunidade como Ricardo Arona.
Arona teve seu primeiro contato com o ADCC no ano de 2000, após passar por duros combates na seletiva interna da lendária academia de Carlson Gracie em Copacabana, para só então se credenciar rumo à qualificatória brasileira da organização. Há quem diga que a peneira na Figueiredo Magalhães tenha sido ainda mais dura que a seletiva. O evento principal, ainda realizado exclusivamente nos Emirados Árabes Unidos na época, foi apenas o primeiro passo do Tigre para escrever o nome na história do grappling, ainda como faixa-marrom aos 21 anos de idade.
Lutando na divisão até 99kg, Arona abriu sua campanha derrotando Hiromitsu Kanehara e Karimula Barkalaev antes de encaixar uma queda vitoriosa no então astro do UFC Tito Ortiz durante a semifinal. Na finalíssima, o brasileiro ficou frente a frente com temido Jeff "Snowman" Monson, wrestler que foi campeão na mesma categoria de peso no ano anterior. O Tigre dominou a primeira metade do duelo, quando ainda não há contagem de pontos, derrubando seu adversário duas vezes, amassando da meia-guarda e quase encaixando os ganchos para pegar as costas, mas Monson conseguiu escapar da posição difícil e partiu para o ataque, com Arona defendendo bem as investidas de seu oponente. Durante o combate, Monson recebeu um ponto negativo por uma fuga anti-esportiva, dando a vantagem e eventualmente a vitória para Arona, que voltou para casa com seu primeiro ouro na organização.
Mas aquele estava longe de ser o único título do Tigre no ADCC, que voltou para Abu Dhabi no ano seguinte, desta vez pronto não só para correr atrás do bicampeonato na divisão até 99kg, mas também para encarar a divisão de peso aberto do torneio. Na categoria de peso, Arona passou por Ruslan Mashurenko, Renato "Babalu" Sobral e John-Olav Einemo antes de chegar na final contra o xará Ricardo "Cachorrão" Almeida. O combate foi extremamente equilibrado entre os atletas, com Cachorrão usando todas as ferramentas de seu jogo de wrestling para derrubar o Tigre, que fez juz ao apelido ao usar as mãos e cair de pé após uma queda particularmente perigosa. Por sua vez, Arona deu um show com o volume de seu Jiu-Jitsu, trazendo muita pressão nas suas tentativas de passar a guarda e saindo vitorioso na partida após Cachorrão receber um ponto negativo.
Já no absoluto, o Tigre saiu vitorioso em duelos contra Roger Neff nas oitavas e Saulo Ribeiro nas quartas, antes de superar o astro do UFC e Pride Vitor Belfort nas semifinais. A rodada final do peso aberto foi uma das mais aguardadas do evento, com Ricardo Arona encarando o campeão do ADCC 1999 Jean Jacques Machado pelo ouro. Em vinte minutos de muita técnica, Arona fez pressão por cima enquanto Jean Jacques trabalhou da guarda para segurar o ímpeto de seu oponente dez anos mais jovem, mas o resultado chegou após o Tigre explodir e passar a guarda, computando 3 pontos e conquistando seu terceiro título no ADCC.
O capítulo final da saga de Arona com o ADCC se deu no ano de 2003. Com o formato do torneio modificado de anual para uma vez a cada dois anos, o ADCC passou a ser itinerante e sua primeira parada foi no estado de São Paulo, prato cheio para os atletas locais em busca de uma conquista na organização. Campeão absoluto no evento anterior, Arona voltou para participar da superluta. Seu oponente? O tetracampeão do ADCC Mark Kerr.
Um gigante de 1,90cm de altura, Mark sentiu cada um dos seus centímetros trabalhar contra ele logo no primeiro lance, com Arona mergulhando nas pernas e derrubando o americano de costas no chão. Sem pontos contabilizados devido ao tempo de combate, Mark levantou e o duelo se manteve equilibrado durante o restante do tempo regulamentar. O combate se estendeu até a prorrogação, com Arona agarrando as pernas de Kerr nos minutos finais do duelo e derrubando o americano no lado oposto do tatame com a guarda já passada. A movimentação rendeu ao niteroiense uma vitória de 4 a 0 na superluta e seu quarto título no ADCC.
O Tigre estava marcado para mais um retorno aos tatames da organização, para talvez uma das lutas mais aguardadas pela comunidade do Jiu-Jitsu. No ano de 2007, Arona estava com tudo pronto para fazer uma superluta com Roger Gracie, que vinha de uma lendária campanha em 2005 ao finalizar todos seus adversários no peso e absoluto, mas uma dengue deixou o tetracampeão de cama por meses e o mesmo precisou ser substituído pelo norueguês John-Olav Einemo no torneio.
Mesmo deixando um dos maiores duelos daquela geração eternizado apenas na mente dos fãs da arte suave, a carreira de Ricardo Arona no ADCC lhe rendeu merecidas honrarias. Com quatro títulos, nenhuma derrota ou sequer pontos marcados contra ele em toda sua carreira na organização, o Tigre de Itacoatiara foi induzido ao Hall da Fama do ADCC em 2022 e permanece com um dos maiores atletas a passar pelos tatames do torneio.
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