Ao longo de seus quase vinte anos de história no Jiu-Jitsu competitivo, o ADCC foi palco de muitos duelos memoráveis em diversas partes do mundo, recebendo os principais nomes do esporte em seus tatames e proporcionando muita ação aos fãs do esporte. Em meio aos muitos nomes de peso que chegaram ao auge na organização, Rubens Cobrinha e Rafael Mendes foram dois grandes campeões que protagonizaram uma das maiores rivalidades no palco do Abu Dhabi Combat Club.

O primeiro encontro entre as feras se deu nas finais da divisão até 66kg do ADCC 2009, na cidade espanhola de Barcelona. Já tetra-campeão mundial de kimono na época, embalado pelo título conquistado naquele ano, Cobrinha chegou na finalíssima como favorito após três vitórias, com a última destas vindo através de uma kimura em Rani Yahya na semifinal. Do outro lado da chave, o jovem Rafa Mendes chegava após duros confrontos contra Jayson Patino, Justin Rader e Leozinho Vieira na chave.

O duelo foi extremamente equilibrado, com Cobrinha conseguindo boas quedas e Rafa trazendo muito perigo com ataques no pescoço e no pé, mas o fator decisivo chegou nos últimos minutos do combate, quando Rafa aproveitou uma tentativa de finalização no pé de Cobrinha para cinturar e pegar as costas, posição na qual ficou até o fim do confronto para levar a vitória por 7 a 4 e se sagrar como um dos campeões mais jovens da organização, conquistando seu primeiro título no ADCC aos 19 anos de idade.

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Dois anos depois, os atletas voltaram a se esbarrar na final da mesma categoria no ADCC 2011, realizado em Nottingham, no Reino Unido. De um lado da chave, Rafa chegava após bater Bruno Frazatto nos pontos, finalizar Justin Rader com um mata-leão e passar a guarda de Robson Moura para conquistar a vantagem no placar das semis. Enquanto isso, Cobrinha vinha embalado por um triângulo sobre David Marinakis nas oitavas, vitória nos pontos sobre Baret Yoshida nas quartas e uma finalização por estrangulamento em Jeff Glover na semifinal.

Os lutadores chegaram ao tatame decididos ao não ceder um centímetro sequer de vantagem ao outro, fato evidenciado pela intensa disputa em pé que marcou os primeiros minutos do combate. Com ambos os lados simultaneamente tentando quedar e rechaçando avanços do adversário, o equilíbrio só foi quebrado na marca dos oito minutos de luta, quando Rafa tentou quedar no single-leg e Cobrinha foi ao chão com seu adversário na guarda. Os árbitros interpretaram a movimentação como uma puxada de guarda, movimento passível de punição no ADCC, e deram um ponto negativo para Cobrinha. Esse ponto acabaria se tornando um fator decisivo no resultado, já que o duelo, recheado de tentativas de finalização por ambos os competidores, permaneceu parelho até o fim. Quando o fim da partida foi sinalizado, um feliz Rafael Mendes levantou do tatame e comemorou seu bicampeonato junto a sua equipe e à plateia, que não hesitou em aplaudir o triunfo do brasileiro.

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Já o terceiro e último embate dos atletas na organização se deu no ADCC 2013, na capital chinesa de Pequim. Estrategicamente colocados em lados opostos da chave até 66kg, os rivais voltaram a mostrar seu domínio sobre a divisão, com Rafa passando por Yoshioka Takahito, Tetsu Suzuki e João Miyao no caminho para a finalíssima, enquanto Cobrinha superou nomes como Darson Hemmings, Marcio Andre e Justin Rader para novamente lutar pelo título.

Similar ao confronto anterior, o duelo se manteve em pé durante vários minutos após o início, com troca intensa de pegadas entre ambos os competidores. Cobrinha teve a iniciativa dessa vez e quedou seu adversário em um movimento que levou os dois até outra área de luta. Novamente, um movimento no início nos momentos iniciais do combate acabaram por pesar no resultado já que, após quarenta minutos de um duelo extremamente equilibrado, Rubens Cobrinha saiu com vitória na decisão dos juízes e conquistou seu primeiro ouro no ADCC.

Com a trilogia completa, os atletas não voltaram a se enfrentar no ADCC mas tiveram seus desempenhos reconhecidos e foram induzidos ao Hall da Fama da organização em 2022. Rafa Mendes se aposentou do cenário competitivo e atualmente trabalha lado-a-lado com seu irmão Guilherme nos tatames da Art of Jiu-Jitsu, academia que produziu nomes de peso no esporte como Tainan Dalpra, Cole Abate, entre outros. Já Cobrinha levou mais um ouro no ADCC em 2015 e, em 2017, se firmou como o primeiro atleta a faturar o "Super Grand Slam", que consiste na conquista de títulos no Europeu, Pan, Brasileiro, Mundial e ADCC no mesmo ano, e hoje segue como instrutor, guiando seu filho Kennedy Maciel para que o mesmo possa ir ainda mais longe em sua carreira.