João Gabriel Rocha: 'Estou no meu auge' antes do IBJJF GP Absolute
João Gabriel Rocha: 'Estou no meu auge' antes do IBJJF GP Absolute
O vice-campeão de muitos campeonatos revela como ele pretende atuar no IBJJF GP para chegar em sua terceira final do torneio, desta vez como campeão.
Com o anúncio de mais um aguardado IBJJF GP Absolute, fica a expectativa para a chave dos atletas perigosos. O torneio, que faz parte da semana da Jiu-Jitsu Con da federação, será realizado no Las Vegas Convention Center no primeiro dia de setembro, com os principais atletas da arte-suave nas categorias mais pesadas.
Com os convites de Nicholas Meregali, Victor Hugo, Fellipe Andrew e Gutemberg Pereira, a IBJJF mais uma vez terá no seu GP o veterano João Gabriel Rocha. Com 32 anos, João chega como o mais experiente atleta do campeonato até o momento, e avisa que entrará em sua melhor forma de todos os tempos.
Conhecido por figurar em finais épicas nos Mundiais da IBJJF e outros torneios espalhados pelo mundo, João se tornou sinônimo de perseverança ao encarar um câncer em seu primeiro ano como faixa-preta, passar por dura batalha contra a quimioterapia, e voltar ainda mais forte para o cenário competitivo, conquistando seus maiores títulos.
Embalado com a recente conquista do absoluto no Austin Open 2023, João está pronto para encarar este novo desafio, deixando claro que nunca fugiu das dificuldades em sua carreira. "Me aconselhavam a descer de categoria para não lutar com Buchecha e Rodolfo Vieira, mas eu queria mesmo era lutar contra os melhores", contou João.
Confira nas linhas abaixo a entrevista reveladora com João Gabriel e como ele pretende atuar no IBJJF GP para chegar em sua terceira final do torneio, desta vez como campeão.
FloGrappling: Em nova fase na carreira, mais focado na sua academia, você volta a competir num torneio invitational. Como recebeu o convite para lutar o IBJJF GP?
João Gabriel Rocha: Eles me procuram querendo saber se voltaria a lutar. Minha intenção era retornar no Mundial, mas por problemas na lombar não consegui participar da competição. Por já estar bem melhor, e com esse convite para lutar o GP, voltei pra minha rotina de treinos e dessa vez venho para ser campeão. Das três vezes que lutei no GP, acabei como vice em duas. Chega de vice!
FG: Embalado pelo absoluto do Austin Open, após quedar e vencer o campeão mundial Johnatha Alves, você terá uma leva de combates contra atletas da nova geração, como Nicholas Meregali, Victor Hugo, Gutemberg Pereira e Fellipe Andrew, por exemplo. Como é para você se testar contra atletas mais novos e como sua experiência te ajuda nesses cenários?
JGR: Acredito que alcancei o equilíbrio perfeito entre experiência, técnica e força. Costumava ser muito acelerado, cheguei a perder finais de Mundial por conta da minha impaciência. Sinto que essa experiência vai trazer uma nova versão de mim para o tatame. Sobre a nova geração, estou empolgado para encarar esses caras.
Quero ver como vou me sair, mas acredito que a minha experiência vai me dar a vantagem sobre eles.
FG: Mesmo não sendo badalado como grandes atletas da sua divisão, você conquistou vitórias famosas sobre Marcus Buchecha, Felipe Preguiça, Nicholas Meregali, Rodolfo Vieira e outros. Como é correr por fora nos torneios e como isso se tornou vantajoso para você ao longo da sua carreira?
JGR: Essa é uma situação que surgiu na faixa-preta. Nas coloridas, eu sempre chegava como favorito nos campeonatos, mas a minha categoria na faixa-preta tinha atletas grandes como o Buchecha e o Rodolfo Vieira, que ganhavam tudo. Sempre me aconselharam a descer uma categoria, mas eu queria mesmo era lutar contra os melhores. Além disso, fui diagnosticado com câncer no meu primeiro ano de faixa-preta e passei um ano longe dos tatames. A vantagem que eu tirei disso tudo foi a resiliência. Não me deixei abalar, voltei a lutar e mesmo sem o amparo de uma equipe grande fui finalista no Mundial. Pude me cercar daqueles que estavam ao meu lado e ignorar o que os outros pensavam de mim. Meu foco foi e continua sendo treinar e lutar.
FG: Você é movido a desafios desde muito jovem. Com apenas um ano competindo na faixa-preta, meses depois de vencer o Brasileiro de Jiu-Jitsu, foi surpreendido com um tumor. Venceu o câncer após dura batalha com a quimioterapia e voltou a despontar nos torneios. Como essa fase traumática da sua vida ajudou a forjar o competidor que você se tornou em seguida?
JGR: Acredito que essa batalha e todas as outras que lutei ao longo dos anos ajudaram a formar a pessoa que sou. Tudo que eu passei me mostrou exatamente do que sou capaz. Hoje, acredito que estou no meu auge, não só fisicamente mas também espiritualmente. O GP é apenas o primeiro passo em direção ao meu verdadeiro objetivo, que é lutar no Mundial do ano que vem. Ainda tem muita água para rolar, mas quero estar na minha melhor fase até lá. Ainda tenho alguns bons anos de luta pela frente e pretendo passar eles no tatame, que é o que eu amo.